



Panorama do Crédito em Portugal: Estatísticas

O mercado de crédito em Portugal está em constante transformação. Das taxas de juro que sobem e descem à forma como as famílias portuguesas e estrangeiras se financiam, os números contam uma história fascinante.
Nesta página, compilámos os dados estatísticos mais recentes de fontes oficiais como o Banco de Portugal, Euribor Rates, INE, Pordata, entre outros, para lhe oferecer uma visão 360º sobre o estado do crédito no país, as tendências que marcaram 2024 e o que podemos esperar para 2025.
Dados Globais
Para iniciarmos, deixamos abaixo um conjunto de dados gerais que resumem parte do panorama do crédito em Portugal nos últimos anos:
- Em 2024, as financeiras realizaram 2,2 milhões de novos contratos de crédito num total de 29 mil milhões de euros. Em 2023, o número de contratos realizados foi idêntico, mas o valor foi substancialmente inferior: 23 mil milhões de euros;
- Foram celebrados 90 mil contratos de crédito à habitação própria permanente, um aumento de 32% relativamente a 2023;
- Os novos contratos de crédito habitação totalizaram 17,6 mil milhões de euros em 2024, um crescimento de 4,5 mil milhões face a 2023;
- Em 2024, 593 mil pessoas contraíram créditos pessoais, metade com valor igual ou inferior a 3,5 mil euros;
- Foram celebrados 224 mil contratos de crédito automóvel em 2024, um crescimento de 12% relativamente a 2023. Destes, 74% foram inferiores a 20 mil euros e somente 1% superou os 50 mil euros;
- O peso dos devedores estrangeiros no total de pessoas que obtiveram novos créditos voltou a subir, passando de 13%, em 2023, para 14% em 2024. Nestes dois anos, metade dos devedores tinha nacionalidade brasileira.
- As linhas de crédito, cartões de crédito e descoberto sempre foram os créditos mais solicitados em Portugal. Só o ano passado foram contratados 932 mil créditos deste género. Em contraste, 2014 foram 801 mil.
Cada Vez Mais Estrangeiros a Pedir Crédito
📈 Em Portugal, a percentagem de crédito concedido a estrangeiros tem aumentado consideravelmente, sobretudo dentro da comunidade brasileira. Em 2024, os dados mostram que 13,10% de todo o crédito concedido em Portugal foi para cidadãos estrangeiros, com os brasileiros a significarem 30% do total.
- O crédito à habitação própria permanente contratado pela população estrangeira tem aumentado todos os anos, evoluindo de 7,39% do montante total, em 2021, para 9,54%, em 2022, e estabilizando nos 12,56% em 2023 e 2024;
- Relativamente ao valor de 2024, os cidadãos de nacionalidade brasileira representaram cerca de 30% do crédito concedido a estrangeiros, seguidos pelos do Reino Unido (7%), EUA (6%), e França e Itália (5% cada);
- Na faixa etária acima dos 65 anos, o impacto da população estrangeira é ainda mais notório, representando 40,92% do total de crédito concedido em 2024. Neste segmento, os cidadãos dos EUA lideram com 37%. O perfil dos compradores nesta idade alterou-se significativamente: em 2021, França e Reino Unido lideravam com 22% e 19%, respetivamente, enquanto hoje as suas quotas são de apenas 6% e 11%;
- No crédito automóvel, o aumento foi ainda mais acentuado, com a quota de estrangeiros a subir de 4,58% em 2021 para 12,67% em 2024. A nacionalidade brasileira destaca-se de forma esmagadora, representando 70% deste total, seguida por Angola (4%) e, com 2% cada, por Cabo Verde, Índia, Itália e China.
(Dados: Banco de Portugal)
Euribor em Queda e Longe dos Máximos de 2008
A evolução da Euribor é o principal fator que dita o custo do crédito em Portugal. Após um pico em 2023, a tendência de descida em 2024 e 2025 tem trazido um novo fôlego ao mercado com descidas nas prestações mensais de muitos créditos à habitação e contratos com taxas de juro mais baixas.
- A Euribor a 6 meses atingiu o seu pico histórico durante o segundo semestre de 2000 e novamente no verão de 2008. Em ambos os períodos, as taxas Euribor superaram os 5%.
- O valor exato mais alto para a Euribor a 6 meses foi o de outubro de 2008, com 5,431%. Já o mais alto atingido nos últimos anos chegou no segundo semestre de 2023, altura em que chegou a bater os 4%;
- A Euribor a 6 meses esteve em terreno negativo entre o segundo semestre de 2015 e o primeiro semestre de 2022. O seu valor mínimo histórico foi atingido em dezembro de 2021, quando chegou a atingir – 0,547%.
(Dados: Euribor Rates)
Clientes de Crédito Habitação Maioritariamente Mais Novos e Com Maior Nível de Escolaridade
- A faixa etária dos 18 aos 35 anos representou 42% dos novos titulares de crédito à habitação em 2024, um valor que reflete um aumento de 2 pontos percentuais relativamente ao ano anterior;
- O valor mediano dos novos contratos de crédito à habitação situou-se nos 130 mil euros. A análise por escalões mostra que dois terços dos créditos se concentraram na faixa entre 50 mil e 200 mil euros, e apenas 5% superaram o montante de 300 mil euros;
- 80% dos novos mutuários são trabalhadores por conta de outrem, 53% possuem um nível de escolaridade superior e 36% não foram além do ensino secundário;
- 18% residiam na Área Metropolitana do Porto e 22% na Grande Lisboa;
- O número de novos contratos de crédito à habitação celebrados em 2024 aumentou 32% face ao ano anterior, totalizando 89.738 operações (em comparação com as 67.935 de 2023). No entanto, ainda longe de valores de 2021, em que se realizaram 97.265 contratos.
(Dados: Banco de Portugal)
Portugueses Passaram a Preferir Taxas Mistas às Variáveis
- Historicamente, a taxa variável foi quase sempre a opção predominante nos novos contratos de crédito à habitação em Portugal. No período entre 2018 e o início de 2023, esta modalidade representou, em média, mais de 80% do total de novas operações;
- O cenário alterou-se com a subida das taxas Euribor. Esta conjuntura, aliada a campanhas promocionais da banca, levou a uma inversão de tendência: a taxa mista tornou-se a preferida dos portugueses, chegando a representar mais de 70% dos novos contratos no início de 2024;
- A taxa fixa teve sempre uma expressão residual, oscilando consistentemente em torno dos 5% do total de crédito habitação concedido.
(Dados: Banco de Portugal)
Taxas de Juro do Crédito à Habitação Em Queda Desde Maio de 2024
📉 As taxas de juro do crédito à habitação estão intrinsecamente ligadas à Euribor. Nesse sentido, a trajetória de descida da Euribor, iniciada em 2024, foi naturalmente acompanhada por uma redução das taxas praticadas nos créditos à habitação em Portugal.
- Com a subida da Euribor a ter início em 2022, entre maio de 2023 e dezembro de 2024, registou-se um período excecional em que os novos contratos a taxa fixa se tornaram mais vantajosos do que os com taxa variável;
- Esta situação foi uma anomalia no panorama dos últimos anos, tendo-se revertido em janeiro de 2025, altura em que a taxa fixa voltou a apresentar juros superiores;
- O valor médio mais elevado para novas operações nos últimos anos foi atingido em dezembro de 2023. Nesse mês, os contratos de crédito à habitação a taxa variável alcançaram uma média de 4,88%, enquanto a taxa mista se fixou nos 3,82%;
- Desde dezembro de 2022 que a taxa mista se tem revelado consistentemente a opção com juros médios mais baixos, quando comparada com as modalidades de taxa variável e fixa.
- Adicionalmente, desde dezembro de 2024, a taxa média para novos contratos nesta modalidade mista situa-se abaixo dos 3%.
(Dados: Banco de Portugal)
Cartão de Crédito é o Crédito Mais Solicitado em Portugal
- As linhas de crédito, cartões de crédito e descoberto sempre foram os créditos mais solicitados em Portugal. Só em 2024 foram contratados 932 mil créditos deste género;
- Nos últimos anos temos assistido a um ligeiro crescimento no número de contratos efetuados. A única exceção aconteceu na altura da pandemia, onde a média mensal desceu de 74 para 55 mil;
- Foram contratados 932 mil cartões, linhas de crédito e descoberto em 2024. O maior valor até hoje registado e superior em 5,10% face a 2023;
- Apesar de os cartões, linhas de crédito e descoberto representarem mais da metade dos créditos contratados em Portugal nos últimos dez anos, o valor utilizado (12,283 mil milhões de euros) foi apenas 16,84% do total contratado em crédito ao consumo;
- Em média, nos últimos 10 anos os portugueses têm contratado cerca de 69.912 cartões, linhas de crédito e descoberto todos os meses. Em novembro de 2015 foi registado o valor mais elevado (96.083 contratos) e em abril de 2020 o mais baixo (21.444 contratos).
(Dados: Portal do Crédito)
Crédito Consolidado Tem Sido Uma Solução
💡Num cenário de múltiplos encargos de crédito, a consolidação tem vindo a ganhar terreno como uma solução eficaz para reorganizar as finanças e aumentar o rendimento disponível.
- Os dados internos do CreditoConsolidado.pt mostram que, em 2024, a procura por esta solução aumentou 52% face ao ano anterior. A poupança média obtida pelos nossos clientes é um forte indicador do seu impacto:
- Poupança Média: Em média, quem junta os seus créditos ao consumo poupa 465 € por mês;
- Poupança Máxima: Para quem consegue juntar o crédito habitação aos restantes encargos, a poupança média mensal pode chegar aos 1.000 €.
(Dados: CreditoConsolidado.pt)
Análise e Perspetivas Futuras
O mercado de crédito em Portugal atravessou em 2023 e 2024 um período de ajustamento significativo, impulsionado pela rápida subida das taxas de juro da Zona Euro. O que acontecerá daqui para a frente?
- Crédito Habitação: a expectativa de uma gradual descida das taxas Euribor ao longo de 2025 poderá aliviar o custo das prestações para contratos existentes e tornar os novos créditos ligeiramente mais acessíveis. No entanto, os preços da habitação e os critérios de concessão de crédito mais rigorosos continuarão a ser fatores determinantes;
- Crédito ao Consumo: este segmento tende a ser mais resiliente a flutuações de taxas de juro do que o crédito habitação, mas a conjuntura económica geral, o poder de compra e os níveis de confiança dos consumidores serão cruciais. O crescimento deverá ser moderado. A inovação digital e as soluções de “Buy Now, Pay Later” (BNPL), embora ainda com expressão reduzida no crédito regulado, podem influenciar os hábitos de consumo;
- Desafios: a gestão do endividamento familiar num contexto de ainda alguma incerteza económica e a adaptação a um ambiente de taxas de juro mais elevadas do que na década de 2010 serão desafios importantes. A necessidade de reforçar a literacia financeira permanece premente para capacitar os consumidores a tomar decisões informadas.
❗Este estudo visa fornecer uma panorâmica clara e baseada em dados, incentivando uma compreensão mais profunda das dinâmicas do crédito em Portugal. Recomendamos a consulta regular das fontes oficiais para dados mais atualizados.